Em todos os níveis da medicina preventiva, a prática de exercícios está diretamente associada à prevenção e ao tratamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – como a hipertensão, obesidade e diabetes, entre outras –, além de possibilitar a redução da incapacidade física causada pela evolução dessas enfermidades.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as DCNT são a causa principal de mortalidade e de incapacidade prematura na maioria dos países do Continente, incluindo o Brasil. O colesterol alto, diretamente ligado ao consumo excessivo de alimentos gordurosos (podendo levar ao infarto), acomete certa de 18,4 milhões de pessoas no país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já a hipertensão aparece no relato de 31,3 milhões de pessoas, que afirmaram terem sido diagnosticadas com a doença. Ainda pelos números do IBGE, o diabetes aparece no histórico de 9,1 milhões de brasileiros.
Quanto às condições cardiovasculares, estudos epidemiológicos já demonstraram a relação entre o nível de atividade física e a redução da mortalidade – que hoje no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, está na ordem de mais de 1100 mortes por dia.
Em alguns casos, a prática regular de exercícios pode fazer inclusive com que o paciente diminua a quantidade de remédios ingeridos – ou até mesmo deixe de tomá-los. E os benefícios da atividade física para pacientes crônicos envolvem, entre outros, aspectos como a redução da adiposidade corporal, queda da pressão arterial, aumento da massa e força muscular, melhora da capacidade cardiorrespiratória, e mais flexibilidade e equilíbrio.
É preciso lembrar que os exercícios recomendados para prevenção de agravos à saúde são um pouco diferentes daqueles indicados para melhorar o condicionamento físico. Os “treinos” indicados variam também de acordo com o objetivo (prevenção ou tratamento), a faixa etária e até mesmo o tipo de doença. Assim como variam, de caso a caso, orientações quanto à frequência, intensidade e duração.
Diferentes tratamentos
Doenças cardiovasculares
Quando se fala em doenças cardiovasculares, é muito importante regular as atividades seguindo critérios individualizados, acompanhamento próximo e o histórico de saúde do paciente.Com os devidos cuidados e orientação médica, até mesmo pessoas que já sofreram infarto ou um acidente vascular cerebral (AVC) podem praticar exercícios. Se o paciente apresentar uma boa recuperação com os exercícios aeróbicos – como caminhada ou andar de bicicleta –, pode ser introduzido aos poucos exercícios de musculação.
Hipertensão arterial
Já para os hipertensos, o principal benefício do exercício é o fato de os vasos sanguíneos se dilatarem durante a atividade física. Ao melhorar a absorção de oxigênio pelo sangue, a tensão do sistema circulatório se reduz, o que faz a pressão diminuir.
Obesidade
Responsável por aproximadamente 168 mil mortes por ano no Brasil, segundo dados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a obesidade também aparece no hall de doenças crônicas que têm relação direta com a atividade física. Além de ajudar a reduzir e controlar o peso, o exercício auxilia no controle do diabetes e problemas cardiovasculares. Para queimar gordura e melhorar a atividade cardiorrespiratória, o foco deve ser nos exercícios aeróbicos (principalmente caminhada e bicicleta, que têm menor impacto).
Diabetes
Para os diabéticos do tipo 2 (que se caracteriza pelo excesso crônico de açúcar no sangue, o que desencadeia uma série de complicações), as recomendações são semelhantes às voltadas para pacientes cardíacos e obesos. Lembrando ainda que baixos níveis de atividade física e de condicionamento cardiorrespiratório são preditivos do conjunto de manifestações da chamada Síndrome Metabólica (SM), condição que pode levar ao desenvolvimento do diabetes tipo 2.